segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Lembranças de um sorvete



Sentado ao balcão
Há tempos que o sol não beijara sua mão
não era verão, ainda não
O vidro que servia de tela
para a rua, para a lua
para um mundo que só seus olhos podiam ver
só sua mente podia criar
Via sua infância derreter como o sorvete
que, por ser inverno, derretia lento
Teria nome aquele sentimento?
Lembrava dos dias de paz, de passeios
Do talento de se fazer recreio
no calcular de pulos e movimentos
Fazia dos sonhos seus malabares
Agora ali, na vitrine, atraindo olhares
E quem passava não via um homem...
não via seus trajes do dia a dia
Olhavam um garoto perdido no tempo
Fazendo o sorvete virar poesia.

Marcelo Poeta

Sarau 13.000


























É o encontro da arte
É poesia, música, debates...
A troca de idéias e a gramática
A temática: Inclusão Digital
O monopólio da informação
Sendo abalado pelo mundo virtual
Os blogs, twits, informação em tempo real
Tudo poeticamente analisado, conversado
Para a geração 2.0, um minuto que passou
Já é um distante passado
Sarau é o encontro dos pensamentos
De desabafos, dos romances e dos dilemas
Colocados para o mundo
Em formato de poemas.

Marcelo Poeta

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Desejo

Que os caminhos por mim escolhidos
Me guardem a água e o abrigo
E o falecimento de minhas crenças
Não me vende os olhos e me faça tropeçar
Por que de um lado eu vejo tudo
E no outro lado há a escuridão
Que minha poesia seja bela
Ainda que retrate minha tristeza
Que a mulher que eu ame
Seja amada, independente se ao meu lado ou não
Por que de um lado eu sou o Adeus
E do outro sou o abraço
E que meus versos não se propaguem
Até aqueles que não choram
Por que de um lado eu paro a escutar
E do outro eu me mantenho calado
E que aquela minha vontade de estar logo ali
Me bata com paz e saudade
E essa angústia pelo seguinte
Mantenha minhas horas no agora
Por que de um lado eu sei o que eu quero
E do outro quero mais do que penso
Que o medo de multidões vá embora
E que as conversas comigo mesmo nunca tenham fim
Que a forma de pentear os cabelos
Não ganhe mais destaque que o sorriso no rosto
Por que de um lado eu guardo recordações e histórias
E do outro, ainda não sei
Que não me fujam as palavras
Quando estiver ao teu ouvido
Que não me falte a folha e a caneta
Quando o mundo sussurrar o mais belo poema
Por que de um lado eu guardo os romances
E do outro, eu guardo os dilemas
Que a música dos pássaros me mostre um caminho
Mesmo que eles ainda não o tenham percorrido
E que ninguém tente impedir e criar barreiras
Por que de um lado eu vivo o domingo
E do outro lado, as outras feiras.

Marcelo Poeta

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sarau de Poesia


Sarau de poesia no café com letras.
Sexta-feira a partir das 18h.
Poesia comigo e outros poetas e MPB com Dado e Gisele. Varal de poesia e papo aberto sobre inclusão digital.

Esperos todos lá.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O meu Nilo


Há quem não aprecie mudanças. Desejam um emprego fixo, uma rotina programada, e algum lugar para voltar após o serviço. E são felizes pela segurança que essas certezas proporcionam.
Eu me sinto diferente. Eu acredito no incerto. E que o logo ali será melhor do que o aqui.Não viajarei com um clâ como Abraão, pois não ouvi nenhum recado de Deus. Ou dos Deuses.
Sinto apenas uma energia que possui força para me carregar, para onde a terra será mais fertil, onde há um rio Nilo onde possa me banhar e irrigar meus sonhos.
Eu ainda não vi o pôr de Sol mais lindo, o luar mais iluminado, a onda perfeita que fora feita para mim, a mulher com olhar de mar e o melhor cheiro de terra molhada.
Preciso procurar essas coisas. Antes que aconteçam sem minha presença.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Aos amigos


Tudo o que é semelhante incomoda
Pois nossa busca é pelo “ser único”
Muitas guerras cotidianas são travadas
por motivos pequenos, não lemos
os olhos de quem está perto
Não temos a noção de que perder alguém
é perder tempo.
É deixar de aprender
Poucos sabem que a sabedoria
vem em conta gotas
de cada pessoa que conhecemos
A fantasia é de que podemos viver
sem este ou aquele
Até sobrevivemos... incompletos
Como estrela de quatro brilhos
Jamais seremos plenos
Em algum momento faltará aquilo
E seremos sempre menos
Curta quem chegou
E absorva as companhias
que o mundo te proporcionou.

Marcelo Poeta

sábado, 13 de novembro de 2010

Cálice


Cansa-me subir ao palco todos os dias
Se ao menos mudasse o cenário,
os atores coadjuvantes
Nunca me deram uma figurinista
e preparo minha própria maquiagem
Tremenda sacanagem
do roteirista mal amado
Prefiro as cenas em que fico calado
É quando mais me pareço comigo

Marcelo Poeta

Incertas definições





O Anjo tem medo da definição
Do destino planejado e encaminhado
Teme, pois suas asas
foram feitas para fazê-lo voar
O Anjo sabe que a satisfação
é uma consequência do conhecer
Do novo, do inesperado...
O Anjo crê que, a razão
é como cálculo matemático
que trás o fim certo, exato
E é na incerteza
que nasce sua inspiração
O Anjo é leigo para o cotidiano
pois seu único e organizado plano
não continha uma programação
O Anjo precisa voar
e tornar o distante seu vizinho
Ninguém que não saiba voar valoriza o Anjo
Pois quem se move apenas com os pés
conhece um único e previsível caminho.

Marcelo Poeta

terça-feira, 9 de novembro de 2010

É... o verão...




Bom, 2010 foi um ano bom. Foi ruim também. Na verdade foi igual a qualquer outro ano. Até por que essa contagem de tempo, dia, mês e ano não me agrada muito. Contar o tempo, creio eu, é a maior idiotice da humanidade. Hora de acordar, horário de almoço, a famosa espera pelas 18h para ir pra casa pra fazer isso ou aquilo, até que pimba!!! O relógio te desperta daquele sonho gostoso e nasce mais um dia de trabalho, chefes e.... Horários!!
Os horários são uns chatos!!
Dezembro, Janeiro e Fevereiro. Três meses em que finjo que não há horários. Três meses em que eu acordo por que cansei de dormir e o sol lá fora me convida a um café da manhã repleto de frutas e sucos, chinelos e bermudas. Almoço apenas quando a fome bate e durmo quando me sinto exausto de tantos jogos, brincadeiras e risadas.
Torro no sol e refresco nas ondas, nos mergulhos, nos jacarés. A 8° maravilha do mundo é pegar jacaré.
Amigos, bermudas, biquínis, chinelos, milho verde, água de coco, suco de abacaxi...., o verão se apresenta como recompensa de uma temporada enfiado em calças e casacos, tocas e luvas. Quero sentar nas dunas e olhar o mar. Quero deslizar nas ondas e me espatifar na água salgada, feito criança tomando banho em banheira. Quero beijar algum lábio como um pingo de chuva fina escorrendo em folhagem longa.
Quero PAZ. Quero SOSSEGO!!!
E, se possível, os lábios a que me referi logo acima.

Marcelo Poeta

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Um bocado de amor



Sou daqueles que voam
solitário e solidário
E costumo caminhar
no meu mundo imaginário
As vezes tudo parece difícil
e tão longe da minha mão
Mas sei que minha casa
é onde encontro meu violão

Mas onde encontro ela?
A menina que é feita para mim
Chegue, como a primavera
com a boca mais bela, beijos de sim

Será que as nuvens trazem recados?
Será que o vento te faz me ouvir?
Só sei que de amor eu sei um bocado
e contigo quero dividir.

Marcelo Poeta

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Lembrando


Nosso tempo

Por quanto tempo as horas passarão?
Em que fração de segundos o tempo acabará?
Melancólico e estendido tempo
à espera de algum sopro
hora calmo, hora louco...
em que a paciência luta para esperar.
Segue na ânsia do próximo trem
que, entre a linha dos "mas"
surgirá na face de um porém.

Marcelo Poeta

Notável dia Chuvoso

Um dia, não te preocuparás por não te ouvirem
mas sim, por não perceberem teu silêncio...
Será um dia de coisas singelas
de chuva a bater na janela.
Um dia sem parar para pensar
nas coisas da terra e do ar.
O ar carregado, cinzento
das águas de março (ou novembro)
E a placa que diz "seja feliz"
parece não fazer sentido
no dia chuvoso, infinito
os galhos parecem... parados.

Marcelo Poeta