segunda-feira, 16 de abril de 2012

A cama que não havia



Dormia no sofá sonhando deitar em uma cama. A rotina o doutrinara ao sono interrompido, várias vezes, partido em metades e terços que já não entendia mais o que era a noite.
O Sol aparecia entre os fios da cortina clara, não era hora ainda de abrir os olhos, mas quem avisaria o Sol para que acordasse mais tarde?
Ninguém....
O pão, a roupa, o café e os sonhos cortados ao meio, o jornal sempre pouco, sempre lógico, sempre longe do que se queira ler.
O caminho para o trabalho, os horários, o intervalo de atividades, a volta, a ida, a volta, a ida, a vida dividida entre coisas e mais coisas pra fazer.
Onde estaria o tempo livre, onde estariam as horas vagas, os jornais com notícias interessantes, o café da manhã reforçado, os beijos demorados e apaixonados...?
Creio que perdidos numa outra dimensão, onde todos possuem uma cama.

Marcelo Poeta

Um comentário:

Poetisa Rebeka Alves disse...

Hoje relendo e refletindo sobre o grande talento de Van Gog e a tela do quarto de uma simplicidade. O mesmo lugar onde ele cortou a orelha no auge da esquizofrenia e a ingestão de tintas pelos hábitos de manuseio sem luva e contato com os pincéis na boca, causando uma intoxicação pelas tintas trazendo danos fisicos e psiquicos.