quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O clichê da onda

O primeiro dia, do resto de minha vida. Clichê pra caramba né?? Nem tanto.
Hoje tive um dia bem complicado. Mas nada muito diferente do teu.
Temos que acordar e tomar um banho, fazer café pra todos, colocar a mesa, tirar a mesa, colocar o lixo na rua, levar todos as seu trabalhos e, enfim, começar o nosso serviço;
Meu serviço não é nada complicado. Não é preciso força física, nem lidar com papelada. Meu serviço é educar. É planejar todas as noites uma ou duas palestras na tentativa de orientar um ou dois seres humanos para a lida com as coisas da vida. Por vezes atingimos mais crianças. Em outros, nos sentimos inúteis. Mas mesmo a inutilidade das nossas ações nos dão o acalento do tentar.
Mas não era disso que se tratava o texto. Esse pequeno relato é sobre o mar, a praia e minha vida.
Não lembro bem, mas creio que com uns 9 anos, apesar de já ter freqüentado bastante antes, eu pude interagir com a magia litorânea. Era uma tarde de fevereiro e eu via 3 amigas serem levadas pelo mar. Nós, ali na beira, fitando os salva-vidas realizarem o resgate, orávamos e começávamos a fazer parte daquele todo. Além daquela reza, muitos amores ocorreram ali. Muito tragos, muitos choros, muita pescaria e muitas ondas foram servidas à mim pelo Oceano. Muito do que eu sei hoje, devo ao mar. Muito do que eu não sei também. Sou dos que aguardam a garrafa com a mensagem.
Mas hoje, depois do início de funções, trabalho e volta pra casa no mesmo roteiro, me desloquei à minha Atlântida Sul para um surf. Contei meses sem surfar. A idade e o frio são potenciais inimigos. Mas a saudade era grande. Aquele Elo firmado em 1996, de que éramos um só, de que a onda oferecida me responsabilizaria pelo respeito e dedicação ao que há de bem, aquela sintonia tocou fundo em mim hoje. Não importaria cansaço, temperatura, corrente ou formação que me afastasse do compromisso.
E foi o primeiro dia, do resto da minha vida.

Marcelo Poeta

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