segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Eu x eu



Não dormira quase nada na noite anterior. O clima não se decidia se, vestia-se de frio ou de calor. Talvez seu próprio corpo estivesse variando a temperatura e não sabia se estava sonhando ou imaginando o futuro próximo.
Após um forte café da manhã se pôs com os colegas de grupo à magia da interação. No local da prova trocava apertos de mãos e abraços incentivadores, mas no intimo ainda havia dúvidas quanto à sua capacidade física e psicológica para a realização do exercício. Seus pés pareciam mais pesados, pois ali se concentravam seus receios do “não conseguir”.
Ouviu a sirene do abre alas e se dispôs a correr. A partir deste momento tudo o que escutava era sua própria voz. Tudo o que via eram as imagens dos anos que o espelho lhe enviava diariamente. Já não podia desistir. Já não havia motivos para desistir. Começava a disputa. E desta, perdedor e vencedor seriam a mesma pessoa.
Sobre o asfalto quente e desnivelado o distante parecia seu vizinho. O tempo, o tempo ele sabia que seria a hora em que ele escolhesse. E concluiu o trajeto. No seu tempo. E na chegada ganhava sorriso dos amigos. Mas sabia que o maior sorriso do mundo naquele instante era o que brotava dentro de si.

Marcelo Poeta

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