Não muito longe daqui moravam um Surfista e um Poeta. Duas personalidades totalmente diferentes. O Surfista era um cara bem descontraído, conhecido de muita gente. Adorava o sol e belas meninas. Já o Poeta era mais “na dele”, não gostava de jogar conversa fora, afinal, as palavras valem ouro para qualquer poeta. Amava a noite e a lua. Admirava mulheres inteligentes, independente da beleza que ela estampava.
O Surfista se deliciava com as ondas, realizava manobras espetaculares. Arrancava aplausos e uáus de quem tivesse com a bunda na areia. O Poeta as descrevia com a beleza que elas mereciam. Cada ondulação, cada tubo, cada série era narrada com extrema leveza e poesia. O Surfista cuidava muito do seu corpo e de sua saúde. Apreciava frutas e tudo o que fosse natural. O Poeta passava noites em claro, vagando por bares que nem mesmo ele sabia onde ficavam. Entre um drink e outro. Entre uma frase e outra.
Os dois eram felizes. Um ao sol. Outro à lua. E quando o Surfista se cansava, flutuando ia para casa, para uma cobiçada noite de sono. Neste horário, acordava o Poeta, rumo a mais uma noitada de magia e ditongos e hiatos. Eles nunca se encontravam. Um não sabia da existência do outro.
Até ela chegar. Ela era intrigante. Como é linda, disse o Surfista. Como é inteligente, disse o Poeta. E se envolveram com ela. Simultaneamente. Ela amava os dois. Tentou escolher um. O Surfista não era tão carinhoso, tinha um olhar fascinante, e a abraçava com força, tinha uma pegada forte. O Poeta era romântico demais, mas como era doce...Resolveu ficar com os dois.
Passava os dias com o Surfista e as noites com o Poeta. Eles descobriram. E aceitaram.
Ciúmes?? Ora, eram a mesma pessoa...
Marcelo Poeta
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