segunda-feira, 3 de outubro de 2011
O fim do Sarau
O ano era 2007. Assim como eu, haviam muitos que escreviam seus versos colocando no papel angústias, sensações, frustrações, amores e alegrias. Versos que dormiam em gavetas e pastas cobertas pela poeira que transita por aquilo que não amanhece para os outros.
Unidos pela mesma causa, organizados, conseguimos um espaço e um microfone. Os versos ganharam as noites. Livros, quadros e conversas sobre tudo ali nasceram. A gênese, de alguma coisa que ainda não aconteceu. Ao final de 2009 um ciclo se encerrou. Era preciso novo oxigênio, um novo formato.
Em novembro de 2010, sentado no Baguta Bistrô, acompanhava um banda local. Lembro como se fosse hoje, entre um verso e outro, eu ouvia aquele som e ia construindo a idéia de misturar todas as artes em um evento só.
É difícil organizar algo que não se sabe muito bem no que vai dar. A intenção era a de proporcionar espaço para qualquer manifestação artística. Foram mais de 30 apresentações, em diversas cidades do Litoral Norte do RS, reunindo Poetas, Músicos, Artesãos, Artistas Plásticos, Dançarinos, Atores, Pintores e amantes da cultura. Contando sempre com a colaboração de Delaves Costa, Mário Feijó e Rebeka Alves e Diorge Terra.
Mas o ciclo se fechou outra vez. É época de estudos, preparação e principalmente criação. Criação de novos trabalhos, reconsiderações aos já feitos e organização das particularidades de cada um.
Eu agradeço ao Dado Wienandts e à Gisele Frufrek por acreditarem na magia da vida, suas cores, seus aromas e seus versos escondidos em cada palco. Agradeço ao pessoal que sempre participou e fez cada Sarau conosco.
Abaixo, as composições do Sarau Musical:
Pra onde vai o sonho
Marcelo Poeta/Dado Wienandts
Pra onde vai o sonho
Quando a gente acaba de dormir?
Porque não há seqüência
Se tenho essa carência
De fazê-lo prosseguir?
Pra onde vai o sonho
Quando o dia acaba e tenho que deitar?
Desejos de se ter
De ganhar e de viver
Onde compro? Onde vou morar?
Feliz de quem sonha
Dormindo e acordado
Pra onde vai minha voz
Quando sai de mim e ganha o mundo?
Pra onde foi o dia quando a tarde já caia
Dissolvendo os segundos?
Futuro Incerto
Dado/ M.Poeta/Gi
Genial
Quase monumental
As noites de lua
Poesia na rua
Acorde que sai normal
Vida que segue a toa
Na boa
No clima que eu não sei
Toda cidade tem um Castelo
Mas nem todas têm um Rei
O Sol de traje amarelo
Comprei
Futuro incerto
Cantado no verso de alguém
Menino discreto
Que entre o certo escolhe o porém
Um bocado de amor
Marcelo Poeta
Sou daqueles que voam
solitário e solidário
E costumo caminhar
no meu mundo imaginário
As vezes tudo parece difícil
e tão longe da minha mão
Mas sei que minha casa
é onde encontro a paz, meu violão
Mas onde encontro ela?
A menina que é feita para mim
Doce como a primavera
Cola a boca bela com beijos de sim
Será que as nuvens trazem recados?
Será que o vento te faz me ouvir?
Só sei que de amor eu sei um bocado
e contigo quero dividir.
Divido contigo....
Um bocado de amor.
Me acorde em acordes/ A dissonante
Marcelo Poeta/ Dado Wienandts
A dissonante, um diamante
Entre meus dedos nós
O meu mirante, algo distante
Que ecoa em sóis
Gosto do que me faz pensar, divagar
Nota que mora entre o ré e o lá
Lá onde deixei
Meu laiá laiá, deixar pra lá
Meu laiá laiá, deixar pra lá
É só vontades de metades
Verdades com bondade
Uma vaidade sem fim
Por que eu sou, assim.
Apego ao apelo
Marcelo Poeta Dado Wienandts/ Gi Frufrek
Quantas canetas a caminhar
No papel branco, que é vida
Na busca de explicações
O meu apego virou apelo
Um abandono de sensações
O rio corria, minha paz então nascia
Angústia que morava no meu dia vazou
O rio corria, minha paz então nascia
Angústia que morava no meu dia vazou
Como nas telas de um Portinari
Como nas mesas comuns dos bares
Deixei a tristeza, não estamos sós
O tempo é assim, uma fração, um pedaço
Do que foi bom
Resquícios de uma paixão
A-qua-re-la, em forma de coração
A-qua-re-la, em forma de coração...
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Um comentário:
O sair da gaveta e transformar em realidade é uma experiencia marcante, emocionante.. parabéns.
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