quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ponto de exclamação





Matrix e o poder da informação

Matrix não foi o primeiro e nem será o último filme a tratar do relacionamento homem x máquina. Stanley Kubrick já o fazia em seu “2001, uma odisséia no espaço”, onde prevê um final catastrófico para a demasiada confiança do homem em colocar seu destino na dependência da robótica.
Este jogo entre real e virtual parece querer nos mostrar o quão difícil torna-se hoje distinguir entre a realidade e a realidade que nos é apresentada. Creio estarmos vivendo sob a ditadura da imagem. Acreditamos mais na imagem do que na própria realidade, ou seja, creditamos aos meios de comunicação de massa, principalmente TV e Jornal, o papel de porta-vozes da realidade. O que é impresso ou televisivo parece ganhar força de verdade, são elementos inquestionáveis. Não nos damos conta de que as noticias se contradizem, omitem e representam interesses dos grupos que as selecionam.
Com a difusão das novas tecnologias de informação, com ênfase na internet, somos assediados a dissolver as realidades locais numa pretensa realidade global, onde todos participam dos elementos culturais de todos. Os fatos demonstram que isto está longe de ser alcançado. A minoria da população possui acesso à internet de qualidade. A minoria difunde sua cultura, seus hábitos, sua prosa e poesia.
Voltando-nos mais para nossa realidade, onde a internet ainda não atingiu a maioria da população, a qual possui referência da televisão, podemos ter uma visão mais nítida desta ditadura da mídia. Os temas e programas são impostos aos telespectadores e tratados de maneira e em tempo arbitrários. A interatividade é praticamente nula. Mesmo que pareça um ato de nosso inteiro controle, ao ligarmos a TV, entramos em um mundo alheio, construído por uma empresa que possui seus interesses econômicos, políticos e sociais não manifestos imediatamente.
Pierre Bordieu, em entrevista ao jornal do Brasil (09/09/00), defende a possibilidade de oferecer à todos um acesso mínimo aos produtos mais raros e nobres da reflexão humana (a poesia, por exemplo), o que se daria como uma espécie de contra-poder da televisão. Matrix e outros bons filmes podem nos ajudar a refletir sobre o controle exercido pelos detentores da informação.

Marcelo Poeta

Um comentário:

Prof. Pascual disse...

Muito boa esta tua análise sobre o poder da mídia na manipulação da realidade. E pior de tudo, é que estamos refens de um pequeno grupo que controlam os principais MCS. Só haverá verdadeira democracia quando este monopólio for quebrado, pois as nossas conscientizações são fundamentais, mas infelizmente atingem um grupo muito aquem do necessário. Mas vamos somar forças, ocupar os canais disponíveis, um dia chegamos lá. As ideologia invertem a realidade, escondem aspectos relevantes da mesma e com isto impedem que façamos uma análise adequadas dos fatos. Parabéns pelo teu trabalho. Prof Pascual