A volta ao passado através de fotos, rascunho e rabiscos. A narrativa na voz das idades e no fitar o nada como quem absorve novamente experiências e novamente sente o que já fora sentido.
O hoje vai nos empurrando para o amanhã como um trem que não tem possibilidades de volta, de descanso, onde as paisagens e pessoas passam rápido na janela. No trem, não há retrovisor. Só o que há é a perspectiva da chegada.
Recordações me corroem o peito, me induzem ao roer de unhas e transbordam em águas meus olhos pretos. Que atire a primeira pedra aquele que não possui uma caixa contendo fragmentos de seu passado. Ninguém guarda nada de triste. O choro que se faz presente é sempre o pranto do tempo. A surpresa de perceber que tudo foi diferente do que tínhamos planejado, calculada e minuciosamente. Erroneamente.
Não somos heróis. Não temos força para lutar contra as situações da vida, contra fatos externos, contra a climatologia e a formatação social. Não dominamos nem o nosso sim e o nosso não. Somos tão submissos à vida, que não questionamos nem o “por que” das coisas.
Mas somos felizes, pois através dos alfarrábios e dessas lágrimas de alegria, sentimos que assim sempre fomos.
Marcelo Poeta
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