Dormia no sofá sonhando deitar em uma cama. A rotina o doutrinara ao sono interrompido, várias vezes, partido em metades e terços que já não entendia mais o que era a noite.
O Sol aparecia entre os fios da cortina clara, não era hora ainda de abrir os olhos, mas quem avisaria o Sol para que acordasse mais tarde?
Ninguém....
O pão, a roupa, o café e os sonhos cortados ao meio, o jornal sempre pouco, sempre lógico, sempre longe do que se queira ler.
O caminho para o trabalho, os horários, o intervalo de atividades, a volta, a ida, a volta, a ida, a vida dividida entre coisas e mais coisas pra fazer.
Onde estaria o tempo livre, onde estariam as horas vagas, os jornais com notícias interessantes, o café da manhã reforçado, os beijos demorados e apaixonados...?
Creio que perdidos numa outra dimensão, onde todos possuem uma cama.
Marcelo Poeta